“E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.”
Gênesis 2:2,3 (ACF)
Vivemos em um mundo que romantiza a produtividade sem limites, a correria e a agenda lotada. Entretanto, a Bíblia nos ensina que há um valor profundo na pausa, no descanso e no silêncio. O próprio Deus, ao criar o mundo, descansou no sétimo dia, não porque estivesse cansado, mas para estabelecer um princípio: o descanso é sagrado. Desacelerar não é perder tempo, é alinhar o coração com o ritmo do Céu.
O descanso não é apenas uma necessidade física, mas um ato espiritual. Em Êxodo 20, Deus institui o sábado, um dia separado para cessar as atividades e lembrar que Ele é a fonte de todas as coisas. Isso nos ensina que não somos definidos pela nossa produtividade, mas por quem somos nEle. O descanso nos recentra, nos lembra que o controle do mundo não está em nossas mãos, mas nas mãos de Deus.
Quando desaceleramos, criamos espaço para ouvir a voz de Deus. Salmos 46:10 declara: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” No silêncio, sem as distrações constantes, somos lembrados da soberania, da bondade e do cuidado do Senhor. Desacelerar não é fraqueza, é obediência, é um ato de fé que diz: “Deus, eu confio que enquanto eu descanso, o Senhor trabalha.”
Sabbath – O Descanso que restaura
O Sabbath era um dia de descanso e celebração, com origem na Bíblia e com significado central para o judaísmo, respeitado até hoje em algumas religiões, indo do pôr-do-sol da sexta-feira ao pôr-do-sol do sábado. É um tempo de parar do trabalho, da rotina e de se dedicar a atividades como oração, estudo, convivência familiar e reflexão.
O conceito disso vai muito além de um simples dia de folga. Ele é um lembrete de que somos dependentes de Deus, não das nossas próprias forças. Tirar um tempo de descanso é um presente abençoado por Deus, não um fardo. O descanso sabático nos reposiciona.
Em nossa cultura não é necessariamente um dia onde a doutrina é não fazer nada, mas trago esse pensamento para lembrarmos como é necessário um momento separado para o descanso, para nos tirar um pouco do ciclo de correria, comparação e exaustão, e nos colocar novamente na perspectiva correta: Deus é suficiente. Em Hebreus 4:9-10, lemos sobre um descanso ainda mais profundo, o descanso espiritual encontrado em Cristo, que nos convida a parar de tentar nos justificar por obras e a confiar na graça.
Na prática, guardar o descanso é abrir espaço na agenda para respirar, refletir, estar com Deus, com a família, cultivar comunhão, gratidão e silêncio. É um antídoto contra o ritmo frenético do mundo. O descanso não é improdutividade, é fertilidade espiritual. É no “parar” que somos renovados para continuar com foco e força.
Deus fala na pausa
“…No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor…”
Isaías 30:15 (NVI)
A correria constante muitas vezes abafa a voz de Deus. No episódio em que Elias foge para o deserto, Deus não se revelou no vento forte, no terremoto ou no fogo, mas em um “sussurro suave” (1 Reis 19:11-12). O silêncio se torna, então, um lugar de encontro com Deus também.
Jesus, mesmo em meio a uma intensa agenda de ministério, frequentemente se retirava para lugares solitários a fim de orar. Se o próprio Filho de Deus priorizou momentos de solitude e pausa, quanto mais nós devemos entender essa necessidade. O silêncio não é vazio, é um espaço que pode ser preenchido pela presença de Deus, basta buscarmos.
Nosso mundo associa a pausa à perda de tempo, mas o Reino de Deus nos ensina que, ao entendermos o momento certo de parar, compreendemos também a forma certa de caminhar.
Parar não é retroceder, é se alinhar ao que Deus está fazendo, e isso muda todo o caminho.
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