O pecado nunca perdeu o poder de destruir, ele apenas aprendeu a se disfarçar melhor.
O que antes era visto como algo abominável, hoje é muitas vezes tratado como natural, aceitável ou até divertido.
O que esquecemos é que o mesmo pecado que levou Cristo à cruz, continua sendo o mesmo que tenta roubar nosso espírito todos os dias. Quando fazemos amizade com o pecado, deixamos de perceber o quanto ele nos enfraquece, lentamente, até nos afastar completamente de Deus.
O conforto como casca
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Romanos 6:23 (NVI)
O pecado nunca se apresenta como destruição logo de início. Ele chega suave, revestido de conforto, como algo inofensivo que parece aliviar o peso da vida.
Aos poucos, ele se instala em nosso coração e se torna parte da rotina. Um olhar indiferente, uma palavra de orgulho, uma escolha egoísta, tudo parece pequeno demais para causar grandes danos. Mas o pecado é exatamente isso: uma armadilha lenta. Ele nos dá uma sensação falsa de liberdade, mas, no fundo, está nos tornando escravos.
A vida cristã exige renúncia, e o inimigo sabe o quanto o ser humano tem dificuldade em abrir mão. Por isso, ele torna o pecado atrativo, oferecendo prazer passageiro para esconder o custo eterno. Quando nos acostumamos com o erro, começamos a justificar o injustificável e a suavizar o que é mortal. Mas o pecado nunca será neutro. Ele mata, ainda que sorrindo.
Deus, em Sua infinita graça, nos alerta constantemente. Ele não nos chama para uma vida pesada, mas para uma vida liberta. É quando entregamos nossos hábitos e desejos à vontade d’Ele, que descobrimos o verdadeiro descanso. Não o conforto do pecado, mas a leveza da verdadeira obediência.
Um coração adormecido
“Estejam vigilantes e orem para que não cedam à tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.”
Mateus 26:41 (NVI)
O inimigo não precisa atacar com força quando percebe um cristão adormecido. Basta embalar o coração na rotina, no cansaço ou na autossuficiência. O pecado se aproveita do comodismo, e o crente que relaxa na vigilância acaba sendo dominado por aquilo que julgava ter controle. Assim como a traça corrói silenciosamente o tecido, o pecado corrói a fé aos poucos, até que, quando percebemos, já estamos frios e distantes.
Um coração que se acomoda no erro é como uma chama que se apaga lentamente. O evangelho começa a parecer “pesado demais”, algo que custa muito, enquanto o pecado se torna “compreensível”, justificando o cansaço e a falta. Mas é nesse terreno morno que o inimigo constrói suas fortalezas, porque o coração indiferente é terreno fértil para a destruição espiritual.
Jesus nos chama a permanecer alertas. A vida cristã é feita de atenção, arrependimento e constante retorno à presença de Deus, precisamos estar alertas e sensíveis. Não é uma jornada de perfeição, mas de sensibilidade ao Espírito Santo, que nos convence do pecado e nos conduz ao arrependimento antes que o pecado nos destrua completamente.
O temor que liberta
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento.”
Provérbios 9:10 (NVI)
O temor do Senhor não é medo, mas o amor em sua forma mais pura. É quando reconhecemos a santidade de Deus e desejamos agradá-Lo, por devoção não por obrigação. Quem teme ao Senhor verdadeiramente não se prende ao pecado porque entende o preço pago na cruz. Um coração que ama a Cristo com profundidade não suporta entristecê-Lo com escolhas erradas.
O pecado tenta distorcer essa visão, fazendo-nos acreditar que seguir a Deus é pesado demais, enquanto o erro é mais leve e prazeroso. Mas o temor nos mostra o contrário! O fardo do pecado é o que realmente nos esmaga. É o temor que nos mantém vigilantes e nos faz lutar contra a carne, mesmo quando ninguém está vendo. Mesmo que isso não nos dê retorno na terra.
O pecado é nosso inimigo e o temor é o nosso escudo, só quando entendemos isso é que vivemos uma fé firme e madura. O amor a Cristo se torna maior que qualquer tentação, e o Espírito Santo nos ensina a fugir do que destrói. O verdadeiro cristão não negocia com o pecado, ele o reconhece, se arrepende e escolhe, todos os dias, permanecer ao lado daqu’Ele que o libertou, caminhando contra a maré.
Não flerte com aquilo que matou o Filho de Deus. Sei que essa palavra pode parecer pesado e muito confrontante, mas precisamos entender que o pecado não é entretenimento, não é descanso e nem alívio, ele é prisão.
Há esperança para todo aquele que se volta ao Senhor com arrependimento e temor. O sangue de Cristo ainda é suficiente para libertar, curar e restaurar. Que o nosso coração permaneça alerta, sensível e fiel, lembrando sempre que a graça não é desculpa para pecar, é força para permanecer.

Comments are closed.