Muitas pessoas, ao lerem o Antigo Testamento, se deparam com passagens de juízo, guerras e lições, e acabam formando a ideia de que o “Deus do Antigo Testamento” é severo ou até “mau”.
Essa percepção vem, na maioria das vezes, de leituras fragmentadas e sem o entendimento do contexto bíblico. Quando olhamos para a Bíblia como um todo, percebemos que Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e que Sua justiça, amor e misericórdia caminham juntos desde Gênesis até Apocalipse.
Justo e santo
“Ele é a Rocha, as Suas obras são perfeitas, e todos os Seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto Ele é.”
Deuteronômio 32:4 (NVI)
No Antigo Testamento, encontramos momentos em que Deus julga nações inteiras, como no dilúvio (Gênesis 6) ou na destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19). Esses episódios, à primeira vista, podem parecer duros, mas refletem Sua santidade e intolerância ao pecado, não ao pecador.
Deus é justo ao agir contra a maldade que destrói a vida e a criação. Que machuca seus filhos e os distancia d’Ele. Isso não é castigo, é cuidado e amor.
Sua justiça não é como a nossa, limitada e falha. Se Deus não fosse justo, Ele não poderia ser Deus. A santidade de Deus exige que o pecado seja tratado com seriedade, e o Antigo Testamento mostra o quanto o pecado é destrutivo.
Mesmo em Sua justiça, Deus sempre oferece uma oportunidade de arrependimento. Antes do dilúvio, Noé pregou por anos chamando o povo ao arrependimento (2 Pedro 2:5). Isso revela que, mesmo quando exerce juízo, o coração de Deus está sempre voltado para a misericórdia.
Amor desde o princípio
“Passando, pois, o Senhor perante ele, clamou: ‘O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade’.”
Êxodo 34:6 (ACF)
A ideia de que o Deus do Antigo Testamento é apenas severo ignora as inúmeras demonstrações de Seu amor. Desde o Éden, quando o homem pecou, Deus providenciou roupas para Adão e Eva (Gênesis 3:21), mostrando cuidado e provisão mesmo após a desobediência.
Ele também se apresenta como um Deus paciente. A descrição em Êxodo 34:6 não é diferente do Deus revelado em Jesus no Novo Testamento, porque é o mesmo Deus.
As alianças que Deus fez com Noé, Abraão, Moisés, Davi… todas elas mostram Sua intenção de restaurar e abençoar, não destruir. O Antigo Testamento inteiro aponta para Cristo, a maior expressão de Seu amor, como está no famoso texto de João 3:16.
O mesmo Deus
“De fato, Eu, o Senhor, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Jacó, não foram destruídos.”
Malaquias 3:6 (NVI)
Algumas pessoas veem no Novo Testamento um “Deus de amor” e no Antigo um “Deus de ira”, mas essa divisão é equivocada. Jesus, no Novo Testamento, também falou sobre juízo (Mateus 25) e advertiu sobre o pecado. Da mesma forma, o Antigo Testamento está repleto de exemplos de graça e restauração.
O caráter de Deus é o mesmo em toda a Escritura. O que muda é o momento do plano da salvação em que cada parte da Bíblia se encontra. No Antigo Testamento, vemos a preparação, a revelação da Lei e o anúncio do Messias. No Novo, vemos o cumprimento dessa promessa em Cristo.
Entender o contexto histórico e espiritual de cada passagem nos ajuda a perceber que Deus não é mau, mas profundamente comprometido com a justiça, o amor e o plano de redenção. O Deus que julgou e perdoou o pecado em Gênesis é o mesmo que perdoa e salva pela graça em Jesus Cristo.
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