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Um estudo sobre Jonas

Um estudo sobre Jonas

Quando tinha por volta de seis ou sete anos de idade sempre ia às aulinhas da igreja enquanto meus pais participavam do culto. Sempre ouvia algumas histórias pontuais sobre Abraão, José, Moisés e Davi, mas certamente uma que sempre me chamou a atenção foi a de Jonas.

Depois de muitos anos, já convertido, li o livro deste profeta algumas vezes a fim de me aprofundar. É interessante o quanto de ensinamentos podemos tirar de um livro de apenas quatro capítulos e aplicar em nossa vida cristã.

O intuito desse texto é facilitar aos irmãos o entendimento da história e oferecer uma reflexão para nossa vida a partir das questões envolvidas no texto.

O resumo do livro de Jonas

Jonas era um profeta, alguém que conhecia o Senhor e que já era “um mensageiro de Deus” no Antigo Testamento. Sua missão era ir a Nínive, uma grande cidade que estava muito corrompida pela maldade e pelo pecado.
O profeta tentou fugir da presença de Deus e embarcou numa viagem para Társis e para longe do propósito para o qual o Senhor o havia chamado.

No meio do caminho uma grande dificuldade apareceu através de uma tempestade enviada pelo Senhor. Há uma grande movimentação dos marinheiros presentes. Estes acabam temendo a Deus e se arrependendo. Logo após isso, Jonas se lançou ao mar para apaziguar a fúria de Deus e ficou algumas noites na barriga de um grande peixe orando e pedindo perdão pela sua tentativa de fugir.

Após isso, Jonas, cumpriu o seu chamado e anunciou a destruição que Deus enviaria àquela cidade por sua tamanha maldade. Todos de Nínive creram em Deus e então o Senhor perdoou os pecados daquele povo.

A história, no entanto, que poderia acabar com uma bela moral de arrependimento e salvação de todas as partes ainda oferece um aprendizado maior quando Jonas, mesmo depois de tudo, se coloca em uma posição totalmente incoerente e questiona a Deus quando Este muda de ideia em relação à destruição que lançaria àquele povo.

Jonas conhecia a Deus

A primeira parte deste estudo é dedicada a quebrar a imagem que temos de que Jonas era apenas um desobediente qualquer.
Assim como os cristãos, que vivem cotidianamente com Jesus e participam de sua obra, era Jonas. Um profeta levantado por Deus no meio do povo para pregar o arrependimento a um povo contaminado pelo pecado. (O próprio Senhor Jesus cita Jonas como um profeta em Mt 12:39).

O problema de Jonas não estava no quanto este conhecia o Senhor. Mas sim no quanto em seu coração estava a vontade de cumprir o chamado de Deus.
Alinhando com a grande comissão (Mt 28:16-18), entendemos que o nosso chamado está em pregar o evangelho, que é a salvação mediante ao arrependimento dos pecados e a fé em Cristo.

Jonas fugiu

Muitas pessoas apontam que Jonas fugiu por medo da maldade dos Nínivitas. A Bíblia Sagrada não deixa isso claro em nenhum lugar. O texto dá margem para que entendamos que Jonas fugiu apenas por se negar a cumprir aquilo que Deus, que é soberano, havia planejado como missão para o profeta.

A tentativa de fugir da presença de Deus é inútil, sendo o Senhor onipresente e onipotente, entendemos que Ele está em todo lugar e tem poder para cumprir toda a sua vontade da maneira que lhe for mais aprazível.

Muitas vezes nós, cristãos, não sabemos nos sujeitar a Deus e nos colocarmos abaixo de sua soberania. Sabemos, à luz da Palavra, que a deturpação da verdade estará sempre presente e que existem falsos profetas em nosso meio. Às vezes vemos pregações muito mais centralizadas no homem do que em Cristo e isso faz com que alimentemos a ideia de que a nossa vontade deve ser respeitada por Deus e não o contrário.

Deus enviou a tempestade

A primeira coisa que muitos evangélicos tendem a pensar quando as coisas começam a ficar difíceis é que o diabo está lutando para infernizar a vida dos crentes. Temos que tomar cuidado com esse pensamento. Sabendo que estamos debaixo da autoridade e do senhorio de Jesus Cristo, podemos enxergar que às vezes o próprio Deus envia uma “tempestade” para evitarmos um caminho contrário à sua perfeita vontade.

A palavra hebraica para o mal causado pela tempestade é “Ra’ah”. Curiosamente, é a mesma palavra citada para o momento que Jonas escolhe ir na direção oposta a qual Deus lhe ordenara ir. Isso nos dá base para entender que Deus entende toda e qualquer maldade, seja a dos Nínivitas, seja a de Jonas em não cumprir a sua vontade, como uma ofensa pessoal.

Sendo Todo-Poderoso, Deus utilizou da tempestade para evitar que Jonas fugisse de seu propósito e ainda fez com que vários marinheiros pagãos o temessem e também o adorassem, arrependidos de sua maldade.

Após sua vontade ser cumprida, e através do momento em que Jonas é lançado ao mar, Deus tem compaixão dos marinheiros arrependidos também. Isso revela seu caráter misericordioso para com todos.

Uma curiosidade quanto à esse trecho é que os marinheiros, mesmo sendo pagãos tiveram misericórdia de Jonas e não queriam o entregar para a morte (Jn 1:11-13).

O arrependimento de Jonas

Quando Jonas é engolido pelo grande peixe e permanece nas profundezas do mar, ora a Deus agradecendo por sua misericórdia e pelo livramento concedido a ele (Jn 2). Mesmo se opondo a Deus, foi lhe concedido a graça salvadora que não permitiu o que morresse nas profundezas do abismo.

Jonas mostra arrependimento por ter fugido do Senhor após a grande tribulação que lhe sobreveio e se prontifica a cumprir sua vontade e pregar a destruição que viria à cidade de Nínive.

Trazendo para nossa realidade, a situação é parecida quando, em meio à uma grande luta e dificuldade nos voltamos para Deus com o coração arrependido de nossas falhas e da nossa tentativa de fugir de sua presença e ir em direção aos nossos próprios interesses. Em sua misericórdia, o Altíssimo nos perdoa e nos permite voltarmos ao caminho correto.

O arrependimento de Nínive

Depois que Jonas cumpriu sua missão e da boca de Deus anunciou a destruição que viria a Nínive em resposta aos seus maus caminhos perante o Senhor, aquele povo se arrependeu. Diferente do que às vezes entendemos. Arrependimento não é sentimento de culpa. Mas mudança de comportamento e de atitude. O que significa que aquele povo resolveu abandonar os caminhos que lhes pareciam bons e se submeterem à soberania da perfeita vontade de Deus.

Citei aqui que as coisas más são as que ofendem ao Senhor e que tanto Jonas quanto o povo que seria alvo de destruição estavam o fazendo da mesma forma. O arrependimento funciona de maneira igual. Deus não leva em consideração o tamanho da ofensa mas sim o quanto o coração daquele que se converteu tem, de fato, a intenção de se retratar quanto a ela.

Cumprindo o propósito ordenado, Jonas pregou e mais de cento e vinte mil pessoas se converteram de seus maus caminhos.

A ira de Jonas

Como disse anteriormente, tudo poderia acabar com uma bela moral de arrependimento e salvação para todos os envolvidos. Não fosse a ira do profeta quando Deus desiste de destruir aquele povo por conta de seu arrependimento.

Jonas chega a pedir por sua morte por não entender e aceitar a decisão divina. Talvez o profeta não tenha entendido que o que Deus esperava era a conversão do coração (e do entendimento) de todos os personagens citados.

Isso acontece muito em nosso meio nos dias de hoje, quando nos colocamos na posição de condenadores e não vemos com olhos bons a conversão de pessoas que, na nossa concepção, estavam mergulhadas em pecado e não tinham a possibilidade de serem salvas.
O mesmo acontece quando a todo momento questionamos a veracidade da conversão de um irmão segundo aquilo que sabemos de seu passado.
Ambas as coisas estão totalmente fora daquilo que a Palavra diz a respeito da forma como devemos agir.

O caráter de Deus

O livro acaba com Deus dando um sermão no profeta, que apesar de ter recebido anteriormente a misericórdia dos marinheiros pagãos (que não queriam o entregar a morte) e também do próprio Deus (que o permitiu viver), não teve compaixão de uma cidade de população tão numerosa e que segundo o Senhor, não sabia distinguir entre mal e bem por não O conhecerem.

O caráter misericordioso e bondoso de Deus visto no livro de Jonas pode ser referenciado no ensino de Jesus Cristo no texto de Mateus 6:14-15 – “Porque, se perdoarem aos outros as ofensas deles, também o Pai de vocês, que está no céu, perdoará vocês; se porém, não perdoarem aos outros as ofensas deles, também o Pai de vocês não perdoará as ofensas de vocês”.


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