“Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”
Jeremias 17:5 (ACF)
O perigo de confiar em si
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”
Jeremias 17:9 (ACF)
Este versículo muitas vezes é interpretado como um alerta para não confiarmos nas pessoas ao nosso redor, mas o texto original vai além. Ele revela o perigo de confiar apenas na força humana, inclusive e principalmente a nossa própria. Quando fazemos da nossa carne e capacidade natural, o nosso apoio principal, corremos o risco de afastar nosso coração do Senhor. A confiança total em si mesmo é uma forma sutil de orgulho e autossuficiência que nos separa da dependência de Deus.
Confiar apenas naquilo que sentimos ou pensamos pode nos levar a caminhos de engano e decepção. A sabedoria que nasce somente de nós mesmos é limitada, mas a que vem do alto é pura, pacífica e cheia de bons frutos (Tiago 3:17). É por isso que Deus nos chama a abandonar a ideia de independência espiritual, para reconhecermos que, sem Ele, nada podemos fazer.
A autoconfiança desenfreada gera isolamento, ansiedade e frustração, pois tentamos controlar tudo com nossas forças, mas não temos esse poder. A verdadeira segurança está em entregar o controle ao Senhor. Ele é a nossa Rocha firme, aqu’Ele que não muda, mesmo quando tudo ao redor parece incerto. Quando paramos de confiar em nós mesmos e começamos a depender da graça divina, encontramos descanso e direção.
A confiança que agrada a Deus
“Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor.”
Jeremias 17:7 (ACF)
Diferente do homem que se apoia em sua própria carne, aquele que deposita sua confiança no Senhor é chamado de bendito, abençoado. Ele será como a árvore plantada junto às águas, que dá fruto no tempo certo e não teme quando chega o calor (Jeremias 17:8). Isso mostra que a confiança em Deus não nos livra de desafios, mas nos sustenta dentro deles.
A fé verdadeira é vivida no coração que espera e confia em Deus, mesmo quando não entende o caminho.
Confiar em Deus é render-se à Sua vontade, crer na Sua Palavra e esperar pela Sua ação. A força do cristão não vem de si, mas do Espírito que habita nele. Quando estamos fracos, n’Ele somos fortes, porque a graça de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza. É nesse lugar de dependência que o poder de Deus se manifesta com maior clareza.
Além disso, confiar em Deus nos capacita a confiar uns nos outros de maneira saudável. Em Cristo, somos chamados a caminhar em comunhão e amor. A Bíblia nos exorta a “levar as cargas uns dos outros” (Gálatas 6:2), o que só é possível quando há confiança mútua. Não se trata de idolatrar o próximo, de se apoiar completamente na capacidade do outro, mas de reconhecer que Deus opera por meio do corpo (a Igreja) e que Ele deseja nos ensinar, fortalecer e encorajar através das pessoas ao nosso redor.
Confiando nos irmãos e nos apoiando n’Ele
“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios.”
Romanos 12:10 (NVI)
Confiar uns nos outros é um reflexo do amor e da unidade que o Espírito Santo produz no corpo de Cristo. Deus nos criou para viver em comunidade, e a confiança é uma base fundamental para relacionamentos saudáveis. Isso não significa ignorar a prudência ou os limites, mas sim estar disposto a se abrir, dividir a vida, e permitir que o outro caminhe ao nosso lado, com discernimento e sabedoria.
A Bíblia nos ensina que “um cordão de três dobras não se rompe com facilidade” (Eclesiastes 4:12). Isso simboliza a força que existe na união entre pessoas quando Deus é o elo central. A confiança entre irmãos em Cristo é sustentada pela presença do Espírito Santo, que guia, corrige e consola. Assim, aprendemos que, ao mesmo tempo em que abandonamos a confiança exclusiva em nós mesmos, somos chamados a exercer fé no corpo de Cristo e viver a comunhão com responsabilidade.
Precisamos ser um, assim como Jesus é um com o Pai (João 17:21). Isso demonstra que a comunhão entre os filhos de Deus não é um detalhe, mas parte essencial do plano divino.
Quando confiamos uns nos outros com o coração firmado em Deus, revelamos ao mundo que pertencemos a Ele. Nossa unidade e confiança mútua são frutos da confiança maior que temos no Senhor. Uma fé que une, cura, restaura e guia.